Testando as novas Royal Enfield

Testando as novas Royal Enfield
Testando as novas Royal Enfield

TESTANDO AS NOVAS ROYAL ENFIELD

Difícil escrever sobre uma moto, ainda mais uma que temos em casa. Se ela não prestasse, eu não a teria comprado, não é mesmo? Mas vou tentar!

Quem acompanha aventuras de moto talvez conheça a história da Royal Enfield Classic 500 que rodou sozinha pela Transamazônica, em 2015, em uma aventura de 7200Km sendo quase 2000Km de terra. E sem defeitos! Só essa viagem já é um exemplo prático sobre a robustez, confiabilidade e durabilidade de uma Royal Enfield. Sem suposições, sem dúvidas, apenas o fato consumado e a certeza: a motoca é robusta e aguenta muita pancada! Se me aguentou, certamente vai durar uma eternidade na mão de um dono cuidadoso.

O TEST-RIDE ROYAL ENFIELD

A Royal Enfield Brasil ao tomar conhecimento da minha história com a Classic 500, através da internet e de vários amigos que também recomendaram meu nome, me convidou para participar do test-ride dos três modelos recém-lançados aqui no Brasil. Uma grande honra e fiquei surpreendido com o convite. Uma ótima iniciativa que mostra o cuidado e respeito com o consumidor. Parabéns à toda a equipe Royal Enfield pela realização deste teste, e que venham muitos mais. Sou o primeirão da fila pra testar a Himalayan, anotem aí! (risos).

Assim participei no dia 24/4/17, junto com vários outros jornalistas, de um belo passeio pela região de Amparo, Morungaba e Serra Negra, em São Paulo, onde pude experimentar todos os novos modelos na estrada. Um abraço em especial pro Guilherme e Hugo do Canal Motorama, e pro Fernando Girotto de Sampa. Eu tô sabendo do esforço de vocês pra eu entrar na lista, seus CGzeiros de Coyote!

BULLET 500 e CLASSIC 500

As duas motos são praticamente iguais, só mudam as cores oferecidas, o banco e o paralama traseiro. Na Bullet, o banco é inteiriço, em dois níveis, para o piloto e garupa. Muito confortável. Na Classic, o banco é separado em duas peças. Apesar das fotos mostrarem a Classic sempre sem o banco do garupa, todas as motos serão vendidas com ele, e a instalação na loja fica a gosto do comprador. O banco do piloto na Classic tem o charme das molas, bem ao estilo antigo. A espuma é um pouco mais dura, o que pede uma paradinha pra esticar as pernas e “descansar a poupança” mais frequente. No meu caso, com 95Kg, a cada 120Km.

Ao rodar com esses dois modelos, você terá uma ótima sensação de viagem no tempo. Rodar como nossos avós e os pioneiros rodavam nos anos 50. A posição é bem clássica, sentado com a coluna ereta, pernas a 90 graus, sem forçar joelhos ou tornozelos. A pedaleira do piloto não é retrátil, tem que lembrar disso se você costuma firmar o pé no chão e deixar a moto andar. O escapamento original não é barulhento, mas o som é inconfundível! A tocada é nota 10, os pneus Metzeler tem ótima aderência permitindo abusar bem nas curvas. E elas fazem curvas muito bem! Eu curto muito a agilidade da Classic 500 no dia-a-dia, manejo fácil, mudança de trajetória, aceleração e retomadas, muito divertida. E a Bullet 500 é do mesmo jeito. O torque da moto é forte, permite boas arrancadas, e até mesmo na mudança de marchas se você estiver distraído e no giro errado, ela vai te jogar pra trás. Pra quem gosta de números, o torque é o mesmo da Shadow 600 e Dragstar 650. O câmbio está mais preciso que a minha modelo 2012, engatando corretamente todas as marchas, sem folgas.

Na frenagem, elas tem disco dianteiro e tambor traseiro. Apesar de muitos torcerem o nariz pra essa combinação, os freios são bem precisos e não te deixam na mão quando necessário. Caso queira melhorar, troque as mangueiras dianteiras de borracha por flexíveis de aço (aeroquip). Ou compre o modelo Classic 500 com ABS!

Na cidade, o consumo fica na faixa de 30Km/l, e já consegui até 35Km/l andando mansinho. Para o tanque de 13,5 litros, isso dá 405Km de autonomia. Não tem odômetro parcial, você precisa controlar de memória, anotando, ou prestando atenção na luz da reserva. Quando ela piscar, ainda tem bastante combustível. Quando ela acender totalmente, procure logo um posto de gasolina.

Como é na estrada? Bom, eu viajo normalmente com a minha Classic, rodo entre 100 e 120, ultrapasso caminhões à vontade, nunca passei qualquer apuro ou aperto, a não ser quando o veículo sendo ultrapassado resolvia acelerar para impedir a manobra. A quinta marcha é a econômica, então em alguns momentos precisa baixar para a quarta marcha para obter força ou velocidade. Pra mim, nada crítico, dentro do ritmo que viajo. Velocidade máxima? Consegui 147 no GPS, no plano. Devia estar com vento a favor! Mas isso força o motor a um giro muito alto, se tivesse conta-giros certamente estaria na faixa vermelha. Não são motos pra correr, mas sim curtir o percurso. E vai te levar a qualquer lugar, SIM. O consumo na estrada, como estamos sempre em giro mais alto, piora um pouco. Fica na faixa de 27Km/l, o que dá uma autonomia de 364Km. Na prática 300Km você já abastece para evitar surpresas.

E a famosa vibração? Sim, todo mundo sabe que motor monociclindrico vibra! É só lembrar da XT 600, Falcon 400, DR800 (todas trail) e da Savage 650 (custom). A novidade é termos agora no Brasil estas monocilíndricas de 500cc estilo “cidade” em um mercado não acostumado a isso. Toda novidade gera um estranhamento, dúvidas. As Royal Enfield vibram, obviamente. Mas me surpreendi muito com os modelos 2017 que pilotei, pois vibram bem menos que a minha que é modelo 2012. E certamente vibram MUITO menos que famosas custom bem maiores que já pilotei. Outra melhoria que notei foi o velocímetro, com melhor desenho da numeração e o ponteiro bem mais preciso e estável.

Não curti a tampa do combustível, de rosca, sem trava/chave, o que permitiria alguém roubar a tampa ou mesmo roubar gasolina. Não sei se nos modelos a serem vendidos continuará assim. A minha 2012 tem tampa com chave, mais segura.

Bullet – 500cc, 27cv, 41Nm, injeção eletrônica, 5 marchas, 195Kg pronta pra rodar.
Cores brilhantes (verde, preta, cinza) R$18900 sem ABS.

Classic – 500cc, 27cv, 41Nm, injeção eletrônica, 5 marchas, 190Kg pronta pra rodar.
Cores brilhantes (bege, preta, azul): R$19900 sem ABS e R$20900 com ABS
Cores foscas (verde, areia, azul): R$21000 sem ABS e R$22000 com ABS
Cores cromadas (preta, grafite, verde): R$21900 sem ABS e R$22900 com ABS

As cores e preços podem variar. Consulte sempre A LOJA!

CONTINENTAL GT

Pra resumir: a Royal Enfield Continental GT é um motaço!

O motor tem 535cc, é um “veneno” em cima do motor 500cc, e o resto todo da moto é projeto novo, totalmente diferente da Bullet e da Classic. Ela homenageia a Continental GT de 1965, a primeira Café Racer “de fábrica” lançada no mercado inglês.

O test-ride com ela foi fantástico, na estrada sinuosa de Morungaba até Amparo e Serra Negra. Tudo que eu já curtia na ciclística da Classic 500, e detalhei no parágrafo mais acima, nessa aqui é melhor ainda. O modelo que testei tinha ABS, e fiz questão de usar! Muito preciso e potente, com disco de 300mm dianteiro, 240mm traseiro e pinças Brembo. A posição de pilotagem, mais esportiva, com o guidão lá embaixo na mesa e as pedaleiras recuadas, não me deixou desconfortável (tenho 1,78m de altura). Como o projeto da moto é todo novo, as pedaleiras do piloto são retráteis. Não tem pedaleira de garupa, essa moto é feita para o prazer de pilotar. O banco é monoposto, fininho mas bem confortável para a posição de pilotagem “de corrida”. As suspensões estão muito bem acertadas, firmes. Exigem boas estradas, claro. Nos trechos esburacados/remendados que passamos, sentia tudo. Os pneus são Pirelli Sport Demon, da linha mais esportiva, são chicletões e pude praticar bem nas curvas já que aqui em Brasília praticamente é tudo plano. Se você conseguir raspar a pedaleira, é porque já caiu e não sabe. O tanque também tem 13,5 litros, mas não vou saber informar o consumo e autonomia. O painel é bem completo, velocímetro e contagiros analógico, odômetro digital e outras luzes de apoio. Cheguei a 120, e ela vibra menos ainda que os outros dois modelos. Tinha gás pra ir mais, a estrada é que não permitia.

Continental GT – 535cc, 29cv, 44Nm, injeção eletrônica, 5 marchas, 184Kg pronta pra rodar.
Cores brilhantes (verde, preta, vermelha), R$23000 sem ABS e 24500 com ABS.

MANUTENÇÃO E ASSISTENCIA TÉCNICA

Nestes cinco anos que tenho a minha Classic 500, só precisei trocar o bico injetor devido estrago feito por gasolina adulterada com solvente no interior de MG (Pirapora e João Pinheiro). Nada mais que isso. Rebentei a corrente também, testando quanto tempo ela aguentava sem óleo (5000Km!). Consegui as peças normalmente no Brasil mesmo, com o antigo importador. Agora com a operação local, com certeza peça não vai faltar. E se faltar, é uma moto que está no mercado há muito tempo e você encontra facilmente peças no exterior (nunca precisei, mas já pesquisei).

Assistência técnica? Preocupado que na sua cidade não tem concessionária? A manutenção da moto é simples, sem frescuras, qualquer bom mecânico digno desse nome vai dar conta. Aqui em Brasília nunca teve concessionária, e rodei pelo Centro-Oeste, Norte e Nordeste tranquilamente. Troquei pneu em Seabra/BA, arrumei o câmbio após tombo, abrindo a lateral direita do motor em Paragominas/PA, regulei válvulas em Humaitá/AM. Não tem mistério.

Site da Royal Enfield Brasil: Royalenfield.com/br/
Endereço da Loja: Av. República do Líbano, 2070 – Ibirapuera – São Paulo
Contato: (11) 5051-7700

Quer mais informação vinda de outros proprietários de Royal Enfield no Brasil? Leia a FAQ!

Sobre o autor:
Flávio Bressan possui uma Classic 500 desde dezembro 2012. Foi buscar a moto de ônibus em São Paulo e voltou pra Brasília rodando, cuidando direitinho do amaciamento e troca de óleo durante o trecho. Posteriormente viajou com ela em batevoltas por BH, SP, em 2014 rodou 4000Km pela Bahia e Minas Gerais, e depois em 2015 encarou sua viagem dos sonhos de criança, cruzando a Amazônia numa viagem de 7200Km sendo 2000 de terra. Conheça essa viagem pelo facebook fb.com/transamazonica2015 ou pelo site elbando.com.br/2015/09/24/transamazonica2015-dia-1/ . Atualmente usa a Classic 500 na cidade, faz uns off-road com ela vez em quando, e a motoca já está com 49000Km, sem qualquer problema.

Este artigo foi publicado originalmente em 27/04/17 no facebook.com/jornalmotoinformativo . Se você também usa o facebook, curta a página e o post da avaliação das motos. Veja o vídeo com os comentários direto da estrada.

Fotos: Gustavo Epifânio


Posição de pilotagem da Classic 500


Posição de pilotagem da Bullet 500


Posição de pilotagem da Continental GT

24 Responses »

  1. Pingback: Royal Enfield FAQ | Royal Riders Brasil

  2. Ótimo texto, parabéns. Estava pensando em comprar uma Himalayan por causa dos trechos de terra pelo qual pretendo rodar. Mas pelo seu relato, acho que a Classic, se dá muito bem em qualquer terreno.

  3. Bressan tenho acompanhado todas suas aventuras,e agora estou ansioso para saber oque aconteceu e se ja foi resolvido o problema com a gasolina adulterada e como estão as motos em sua viagem para a Transamazônica com as Himalayan .Sera que tem a necessidade de se remapear a injeção eletrônica para a nossa gasolina de péssima qualidade ?

    • A viagem já terminou, conseguimos realizar sem maiores problemas. Estou editando os vídeos e publicando no youtube conforme o tempo vai me permitindo. Vai ter todas as informações e dicas. A moto foi homologada para o Brasil, então já está regulada para nossa gasolina. O problema é essa impunidade geral onde nem bandido fica preso, imagine um corno fraudador de gasolina…

  4. Também tenho uma Classic 500 ano 2012 Chrome. A moto realmente chama a atenção por onde passa. Principalmente nos encontros motoclísticos de Minas, RJ e ES que frequento. Ela cansa um pouco pela posição de pilotagem, onde o corpo arqueia um pouco e a vibração incomoda tb, mas isso faz parte da moto, do projeto dos anos 40 e é o charme dela. É uma peça de arte q enfeita minha sala. É um deleite levá-la para passear. Existe algum blog de proprietários para trocarmos dúvidas?

    • Olá Luiz! Obrigado pelo contato! Muito legal conhecer os outros proprietários das 2012. Blog não vi, mas no facebook tem o grupo de proprietários (diferente da Fanpage) e no whatsapp tem grupos regionais já de proprietarios também.

  5. No dia 26 de Janeiro estou indo a Sao Paulo pegar minha moto. Desde a primeira vez que vi essa moto, fiquei vidrado nela e me apaixonei. Novamente, obrigado pela bela e esclarecedora reportagem. Futuramente, pretendo construir uma casa e colocar essa moto na minha sala de estar.
    Att
    Antonio

  6. Ótima matéria, já comprei e irei a São Paulo pegar a minha. Moro no RJ e estou acreditando na Marca aqui no Brasil.

  7. Fala Bressan! Já tinha visto você no canal Motorama e ontem no canal do Guilherme Moto Relax e gostei muito do seu vídeo contando as suas aventuras com a RE… Até o final do ano pego a minha para por ela pra rodar até BSB, tenho amigos ai na região que vivem me chamando pra ir rodando até ai, e sempre fiquei com este desejo. Meu sonho não tão hard igual ao seu (Transamazônica)… Mas quero muito sair rodando de Sampa até Brasilia e chegar ai no moto capital, este ano não será possível ainda, mas em 2018 estarei ai com certeza com um Classic Battle Green…espero encontrar você lá para poder lhe conhecer pessoalmente! Mais uma vez Parabéns e sucesso a você e ao teu Bando (EL BANDO!)…valeu abraços!

  8. Ótima descrição do modelo, Legal demais. Mas, acho que gostei mais do jeito da madeira da Continental. Abraço

  9. Valeu Bressan! Seus relatos nos encorajam mais ainda a adquirir uma belezura dessas e trazê-la pra Brasília! Grande abraço!

  10. Belíssimo relato! Obrigado, Bressan! Também sou de Brasília e louco pra pegar uma Classic. Tô avaliando como fazer com as questões burocráticas pra comprar, ver tudo com o detran e dar um jeito de trazê-la pra cá, já que não tenho a experiência nem a coragem pra fazer como você e já sair pilotando a danada de volta pra BSB. Hehehehe!

    Com o seu relato me sinto mais seguro em deixar a garantia de lado e fazer as revisões por conta aqui na cidade mesmo.

    Abração!!

  11. Bressan, conheci sua historia no canal motorama e posteriormente pela pagina do facebook. Parabens pelo review das motos, pela coragem e determinação quando pegou a sua classic em 2012 e principalmente por estar na lista dos testes. Justissimo.
    Pretendo comprar uma classic um dia.
    Abraços

  12. É um exemplo da posição de pilotagem, nada mais. Nas outras fotos pode ver que outros pilotos (que não são pilotos profissionais) com a GT não se colocaram em posição tão racing. Experimente, vale a pena.

  13. pela posição da Suzane na foto dá pra ver que a moto tem um bom torque mesmo 😛
    Bom review, abraço.

  14. Grande Bressan, Uma aula de Royal Enfield que tira qualquer dúvida ou curiosidade que se possa ter sobre essas motos. Em breve terei a minha e pode colocar na tua “contabilidade” junto a Royal Enfield SP ter conseguindo mais um comprador para uma dessas maravilhas. Tenho um pequeno canal de vídeos no Youtube – Guilherme Mto Relax, onde encontrei o seu comentário com o link para essa bela matéria.
    Um grande abraço,
    Guilherme Moto Relax

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