Um caso prático…
Ontem por volta das 17h recebi o pedido de um grande amigo para ajudar a encontrar um apoio em Ourinhos/SP, para três motociclistas retornando de viagem dos países vizinhos. Como de hábito, fiz o comunicado aos vários grupos de motociclismo que participo no whatsapp. Digamos que foram dez grupos comunicados, onde sei que tem motociclistas de São Paulo, ou participam de redes de apoio a motociclistas. Alguém deve conhecer alguém em Ourinhos, não?
Pois bem, dos dez grupos comunicados, apenas três grupos responderam!
Em um grupo a resposta foi “fale com a pessoa tal”, mas não deu o contato da pessoa porque estava no trânsito, e nenhum outro participante foi atrás desse contato. No segundo grupo outra resposta foi mais pró-ativa: “me envia o contato deles que repasso para nossa rede de apoio que tem gente lá nessa cidade ou nas proximidades”. Assim foi feito e a rede de apoio foi acionada. A pessoa na cidade era a mesma citada pelo primeiro grupo. Recebeu o contato dos rapazes, e não entrou em contato com eles! Por este mesmo grupo um presidente de um moto clube de Ourinhos também foi contatado, via mensagem no Facebook, mas não chegou a ler a mensagem enviada, mesmo horas depois. E no terceiro grupo que respondeu, pediram para eu entrar na página de uma rede de apoio no Facebook, para procurar o representante daquela cidade e então enviar uma mensagem. Até poderia fazer isso, se não estivesse dirigindo por uma área apenas com sinal celular 2G.
Olha, ainda bem que não era uma emergência de acidente ou pane. TRÊS HORAS depois do meu pedido, NINGUÉM havia entrado em contato com os rapazes! Nem pra perguntar DO QUE precisavam. APOIO não é necessariamente levar pra sua casa. Apoiar um motociclista viajante pode ser aparecer pra bater papo, levar uma água, indicar uma pousada barata, oficina. Imagino que muitos ficaram com medinho dos desconhecidos mal-acabados. Mas você está numa rede de apoio a motociclistas viajantes pra que mesmo, então? Pra participar das festas? Pra encher o saco dos outros atrás de cargos e status?
Quando alguém me aciona aqui em Brasília para apoiar um motociclista viajante, eu não mando entrar na internet caçar informação. Eu não respondo “fale com fulano”. Não fico perguntando “quem é, de onde vem, pra onde vai”. Eu pego o contato do motociclista e LIGO pra ele. Lembram disso? LIGAR para a pessoa, falar com ela por TELEFONE, você fala/escuta e a outra também fala/escuta. É INSTANTÂNEO, a forma mais rápida que tem de resolver as coisas!
Os rapazes dormiram no posto de gasolina mesmo, enquanto os grupos “de motociclistas” continuaram falando suas abobrinhas de sempre sobre irmandade ou a falta dela…
Não fiz este texto para ofender as redes de apoio. São importantíssimas! MILHARES DE MOTOCICLISTAS já foram ajudados por elas, em viagens pelo Brasil e Exterior. Eu mesmo participo e já ajudei algumas pessoas através delas, continuo ajudando, e constantemente sou ajudado quando estou na estrada. Mas fica o alerta de que tem muita gente sem saber como ajudar corretamente, ou apenas enchendo linguiça mesmo. Um exemplo de ocorrência comum é o seguinte: o sujeito quebra a moto no Atacama, de alguma forma consegue falar com um amigo, que comunica as redes de apoio sobre a necessidade, e um “gente boa” por exemplo em Brasília fala “se passar por aqui é só me ligar!”. PORRA QUE UTILIDADE TEM ESSA AÇÃO? É pra se exibir pros demais coleguinhas?
Quem participa de redes de apoio precisa rever seus conceitos e procedimentos. Se vai ajudar, entre de cabeça pra resolver. Se não vai ajudar, fique quieto e não atrapalhe!
Isso nunca deveria acontecer. Você tem toda razão : se estão pedindo apoio, é porque precisam de alguma coisa, independente do que seja, devem ser atendidos! Queria ver se fosse ao contrário…