Brasilia-Buenos Aires – 2007 – III

Brasilia-Buenos Aires – 2007 – III

O trajeto pelo Buquebus é de 2h, e atracamos por volta de 11h da manhã ao lado de Puerto Madero, o trecho reformado do porto que virou local badalado. Saímos do porto e fomos rodando tranquilos devido ao feriado de Natal. Praticamente ninguem nas ruas! Em um posto de gasolina pegamos as dicas para chegar na Avenida Cordoba, bem no centro, onde reservamos o hotel. Logo em seguida já estavamos entrando na Avenida 9 de Maio, dita “a maior avenida do mundo”. Realmente é enorme (larga), com oito pistas de cada lado! A visão desta chegada é maravilhosa, ainda mais estando de moto, curtindo o belissimo dia de sol! Repassei mentalmente toda a viagem até aqui, enquanto ia passeando por aquele avenidão! Comemoramos bastante e lembrei que a viagem ainda estava na metade! Daqui pra frente era “só” a volta! 😉

Após instalarmo-nos no hotel, um predio antigo onde o elevador parecia improvisado dentro do poço de ventilação (só cabiam duas pessoas), nos informamos sobre os passeios interessantes e shows de tango. A programação era ficar apenas duas noites em Buenos Aires, então não podíamos perder os horários. Marcamos para a noite uma ida ao show “Complejo Tango”, e para o dia seguinte uma excursão à foz do Rio Paraná. E então fomos, de moto, caçar o almoço no distante bairro da Recoleta, a “pequena Paris” com seus bares e restaurantes com cadeiras ao ar livre. Em toda esta viagem, fomos super bem tratados por todos os uruguaios e argentinos. A chegada com a moto exerce alguma magia nas pessoas, um misto de curiosidade e admiração, que abre sorrisos por todos os lados. Exceto, é claro, com a garçonete do restaurante que escolhemos… pior pra ela que não ganhou gorjeta no Natal. 😉
A Lilian tem uma bateria que não acaba! Assim como caminhamos horas em Punta, Montevideu e Colonia, é lógico que aqui em Buenos Aires não seria diferente. Exploramos toda a área de restaurantes, depois o famoso cemitério, a Igreja da Nossa Senhora da Recoleta (que gerou o nome do bairro), todo o parque da cidade… por pouco nao andamos de pedalinho! Meu erro foi não ter levado tênis de caminhada, o que provocava dores nos pés e uma canseira danada (e também porque não estou acostumado com essas atividades esportivas primitivas, desmotorizadas). O tênis adequado ficou em casa pois ocupava muito espaço, e nos alforges não cabia mais nem um pen-drive!
Depois retornamos ao centro, com direito a um trajeto meio perdido onde fui parar no porto novamente! Aí ficou fácil, pois já sabia o caminho até o hotel! E fomos conhecer a Rua Florida (parecia o calçadão da Ivo Silveira em Floripa, óióióió!) e outros pontos interessantes como o Obelisco, a Praça de Maio, Casa Rosada, Cabildo (uma das construções mais antigas, a primeira cadeia e sede administrativa da cidade), Catedral Metropolitana e alguns museus próximos. Tudo a pé, obviamente!
Mais tarde, já de volta no hotel, aguardamos o microônibus que nos levaria ao show de tango. Pessoal, que show! Espetacular! Dividimos a mesa com uma família mexicana, que ficaram curiosos com nossas histórias de viagens de moto. E todos nós impressionados com a qualidade do show (e do vinho e carne argentinas também!). Em um momento do espetáculo, os artistas batem fotos com o público, para recordação. E há também um pouco de dança, onde pude apresentar a qualidade dos meus passos, estilo “Coisinha de Jesus”. Enciumados, talvez por eu estar hipnotizando algumas bailarinas, os dançarinos exaltaram-se, me escoltando ruidosamente para fora do estabelecimento sob os olhares incrédulos da Lilian e demais participantes do público. Mas era tudo parte do show, uma brincadeira que fazem. Inesquecível, não? 😉
No dia seguinte, 26/12/07, fizemos a excursão à foz do Rio Paraná, um passeio que ocupa o dia todo mas é muito interessante. Onibus até San Isidro, uma espécie de “cidade de campo” de Buenos Aires, onde os abonados passam férias. Depois um trecho de trem até uma outra cidade à beira do rio, e então o passeio de barco pelo delta do Paraná e Rio Tigre, um sistema de ilhotas habitadas e vários canais navegáveis. Vale a pena, sai do lugar comum! Retornando à Buenos Aires, aproveitei o comercio aberto e visitei uma loja de modelismo ao lado do hotel! Não tenho nada a ver com essa coincidência, pois foi a Lilian que fez as reservas! Várias horas lá dentro observando muitas raridades. E descobrindo que a loja não tem site na internet, não vende pelo correio, não tem lista de estoque, entre várias outras coisas básicas. Depois não sabem porque a loja fecha! A única coisa que comprei nesta viagem: um kit dificil de achar da XT600, Protar, escala 1/9. Eu mesmo tive que levar no correio e despachar pro Brasil, pois como sabem, não tinha espaço nos alforges! Essa desculpa foi muito boa, pois a Lilian também não comprou nada, apenas um perfume no freeshop do Buquebus! 😉
Então, no dia 27, décimo-segundo dia da viagem, começamos o retorno, partindo de Buenos Aires cedinho, rumo a Rosário. Não sei até hoje porque raios fui pra Rosário, pois na verdade a entrada pra estrada até Uruguaiana é bem antes! Só fui descobrir isso num posto de gasolina em Rosário, onde o frentista também era estradeiro, tinha uma Shadow 600 customizada e já tinha até visitado Sampa em um aniversário dos Abutres MC. Resolvemos seguir adiante e pernoitar em Santa Fé, que foi uma grande surpresa. É uma magnífica cidade, arquitetura colonial espanhola, história preservada. Foi nesta cidade que a primeira constituição da Argentina foi feita, após a independência. Um pernoite rápido e no dia seguinte já estávamos com o pé na estrada rumo a Passo de Los Libres e Uruguaiana, a fronteira Argentina/Brasil. No meio do caminho atravessamos um túnel de dois quilômetros por baixo do Rio Paraná! E um contratempo: devido ao forte calor, Lilian tirou as luvas e uma vespa entrou pela manga, picando-lhe o braço. Nada muito grave, mas com o tempo inchou e incomodou bastante.
Estradas perfeitas, visual do pampa, sem montanhas no horizonte. A rota tem trânsito intenso de caminhões e não é duplicada, mas achei bem segura. Em nenhum ponto houve dificuldade com abastecimento. Chegando a um trevo uns 100km antes de Passo de Los Libres, finalmente a “fama” da Polícia Argentina comprovou-se. Eu já estava achando que ia ser o primeiro viajante a não ser achacado numa viagem por aquele país. O “seu guarda” mandou parar, aproximou-se, elogiou a moto, rodeou um assunto e depois pediu uma contribuiçãozinha para a festinha de ano novo. Descobrimos então a utilidade dos 16 pesos que sobraram no bolso! Uma hora depois, já estavamos na aduana da fronteira dando saída na Argentina e retornando ao Brasil.

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Desembarque
Desembarcando na Argentina
Tumulo de Evita
Túmulo de Evita Perón
Igreja da Recoleta
Igreja da Recoleta
Tumba dos Patriarcas
Tumba dos patriarcas
Casa Rosada
Casa Rosada
Cabildo
Cabildo
Congresso
Congresso Argentino
Santa Fé
Santa Fé
Igreja Matriz
Restaurando a Matriz
5000Km
Em algum lugar da Argentina
Malvinas
Placa bem comum
Retornando ao Brasil
Retornando ao Brasil

“Não explico porque ando de moto! Para quem gosta, não é necessário,

e para quem não gosta, nenhuma explicação é possível”

Autor desconhecido


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