Amigos, em 2007 fiz uma pesquisa sobre gasolinas e escrevi um artigo para o Jornal No Mundo das Motos, de Brasília. O texto estava disponível no site do jornal, mas recentemente fui dar uma conferida e já sumiu.
Resgatei o texto original de 2007 e coloquei aqui no site do El Bando, onde estou atualizando conforme os produtos e regras foram mudando. Vale a pena ler: http://www.elbando.com.br/2007/08/29/que-gasolina-coloco-na-moto/.
Nessa pesquisa, o objetivo foi entender e explicar a teoria da gasolina, pois naquela época (e até hoje) vemos muitas lendas sobre o assunto! Agora vem a segunda parte!
PRÁTICA E TESTES REALIZADOS
Até fazer a pesquisa teórica, eu não sabia destas diferenças todas entre os vários tipos de gasolinas, e controlava o consumo da forma que todo mundo faz: em cada abastecimento eu anotava a quantidade de litros colocados e a quantidade de quilômetros rodados. Depois dividia quilômetros pelos litros e tinha o consumo daquele tanque que tinha acabado. Percebia variações, claro, e quando o consumo saía MUITO fora do normal, considerava o posto como “não-confiável” e a gasolina com possibilidade de adulteração.
Depois da pesquisa de 2007, fiquei curioso para testar qual seria o impacto de cada tipo de gasolina no motor. E comecei a anotar também qual a gasolina utilizada (fabricante, tipo), e a forma de pilotagem (cidade, estrada, baixo-giro, alto-giro).
Foram monitorados aproximadamente 68mil Km com uma M800 e 45mil Km com uma M1500. Um total de 450 abastecimentos registrados!
São vários abastecimentos testados, com cada gasolina. MILHARES de quilômetros. Não é medir apenas um ou dois tanques e já tirar uma conclusão apressada! Com muitas medidas feitas, menor o erro e a estatística fica mais confiável.
O estudo da M800 já terminou, publiquei no fórum do BOG (Boulevard Owners Group). A gasolina que melhor deu resultado com ela bateu com a teoria: Texaco Especial C com techron (super-aditivada), que agora não existe mais. Em segundo a Shell V-Power (super-aditivada). A Petrobrás Pódium amargou o último lugar em consumo, também batendo com a teoria. O motor da M800 tem taxa de compressão de 8,5 pra 1 e não rende com a gasolina “mais forte” do tipo premium.
Veja os dados que apresentei sobre a M800, se clicar na imagem ela aumenta de tamanho.
O estudo da M1500 também já terminou, e como a Texaco sumiu, a Shell V-power está na liderança, com a Ipiranga Aditivada em segundo. A Pódium também não desceu bem nesta moto.
POLÊMICA
Com o passar dos anos, leitores do artigo de 2007 comentaram nos vários fóruns e redes sociais suas experiências e opiniões, e chegamos à conclusão que a Pódium teria uma vantagem pela durabilidade maior. Assim, uma moto que roda pouco, passa dias ou semanas desligada, teria menos problemas de “entupimento das artérias” se ficar com Pódium no tanque.
Outro ponto é o uso da “gasolina pura”, removendo o álcool anidro (sem água, chamado etanol). Essa gasolina vai ser boa para carros e motos MUITO ANTIGOS que tinham taxa de compressão baixa. Não é o caso dos veículos atuais!
Também foi questionado o uso de gasolina aditivada em motos carburadas, que seria prejudicial devido à formação de uma borra. SIM isso acontece nas carburadas ANTIGAS cujos metais não tem o devido tratamento e ocorre reação química. Mas isso se a moto ficar parada muito tempo com a gasolina aditivada moderna. Então neste caso de motos antigas carburadas até os anos 90, use gasolina comum ou pódium se for moto de alta performance.
Dessa troca de idéias também identificamos várias lendas e fomos pesquisar o que tinha de realidade.
ALGUMAS LENDAS
– O manual da minha moto fala pra usar gasolina comum! Ok, mas descobrimos que se trata de uma tradução mal feita dos manuais originais, do inglês “regular gasoline” para “gasolina comum”. A “regular gasoline” lá fora é ADITIVADA!
Também apareceu como justificativa das fabricantes de motos a simples questão de que não testam a moto com todas as gasolinas existentes no mercado. Não há tempo, nem verba para tudo isso. Então testam a moto com a gasolina comum, e colocam no manual a recomendação como uma forma de “segurança jurídica”. Seria um argumento completo desse tipo aqui, mas que eles não escrevem assim claramente: “recomendamos a gasolina comum pq foi a única que testamos e não sabemos que reações a moto terá com o uso de gasolina aditivada e aditivos avulsos existentes no mercado”.
Portanto, neste caso sobre gasolina, esqueça o que diz seu manual da moto!
– A Pódium é menos batizada! lorota! Quem batiza, batiza qualquer uma! Os caras não tem escrúpulos, nem são punidos! Escolha bem o posto, quando puder escolher! Em viagens, procure postos utilizados pelos moradores.
– Não usar aditivada pois cria borra! todas formam! A “garantia” das gasolinas é de 60 dias, exceto a Pódium que diz que dura seis meses. Se formou borra com moto rodando, em poucos dias do abastecimento, a coisa que colocaram no seu tanque não era gasolina e sim solvente!
– Não usar aditivada porque tem chumbo! mentira! O chumbo na gasolina foi banido do Brasil já tem mais de 20 anos. Quem diz isso hoje, parou no tempo!
– Não usar aditivada porque entope o catalisador! a causa seria a presença de chumbo, que sim, detona o catalisador. Mas como isso não existe mais, quem fala isso está repetindo a lenda anterior (chumbo na gasolina) e não sabe o que está falando.
– Rodar com o tanque na reserva vai queimar a bomba de combustível! essa também é uma lenda. Conseguimos verificar que bombas de CARRO queimam, mas as de moto tem uma segurança maior justamente para evitar o prejuízo ao proprietário descuidado. As bombas de moto tem um “volume morto” que faz a refrigeração da bomba. Por causa deste estudo, evito misturar gasolinas e uso o tanque até o máximo possível. Tenho 82 panes secas no currículo, em várias motos, e NENHUMA bomba de combustível queimada!
CONCLUSÕES
– Os resultados que obtive são válidos para a BOULEVARD M800 e M1500! Sua moto é diferente e vai ter resultado diferente!
Atualização 2022: tive outras motos depois: Royal Enfield Classic 500, Suzuki V-Strom 650, Indian Scout, Yamaha Teneré 250, Royal Enfield Continental GT535, Royal Enfield Himalayan. Em TODAS, a mesma estatística se confirmou: gasolina aditivada melhor consumo e motor limpo por dentro.
– Cada um tem direito de acreditar em quem quiser, e no que quiser. Mas duvide sempre! Questione! Entenda a experiência no assunto de quem está falando. Hoje em dia muito “influencer” falando besteira sobre gasolina repetindo as mesmas lendas e desinformações de sempre. Fatos e Dados como esse teste de 495 tanques, ninguém repetiu!
– Cada um tem direito de colocar o que quiser na sua moto. Mas pesquise ANTES! Não gaste dinheiro com produtos inúteis e sem comprovação de eficiência. Cuidado com papinho de vendedor!
– Na dúvida, faça o acompanhamento conforme a metodologia que pratico, e veja qual gasolina “combina” melhor com sua moto. Registrar as informações é rápido, não dói nada, e vai te ajudar a conhecer melhor a sua moto!
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MUITO BOM MAIS UMA VEZ OBRIGADO GRANDE BRESSAN
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Oi Bressan!
Gostei, disse tudo.
Parabens.
Olá Bressan, muito interessante seu artigo. Mesmo o resumo já dá uma ótima noção sobre as gasolinas. Também tenho uma custom e o resultado é muito parecido, sofrendo grande influência do percurso, do peso (com ou sem garupa) e do quando acelero com a moto, que nem sempre segue uma linearidade, vai muito do humor hehehe. Se você quiser publicar o artigo em nosso site, temos muito interesse.
Grande abraço